PRIMEIRO AMISTOSO INTERESTADUAL

 SÃO CRISTÓVÃO X YPIRANGA 

Revisão histórica: o primeiro amistoso interestadual do São Cristóvão

A gloriosa história do São Cristóvão começou a ser registrada graças ao trabalho do dedicado Raymundo Quadros, autor de dois livros sobre o clube e figura fundamental no resgate dessa memória. No entanto, talvez estejamos diante do primeiro possível equívoco histórico em seus relatos.

No dia 15 de novembro de 1915, o time do bairro imperial realizou aquele que é considerado seu primeiro amistoso interestadual, enfrentando o tradicional Clube Atlético Ypiranga, vice-campeão paulista de 1913. Segundo os registros do livro de Quadros, a partida ocorreu no Campo da Rua Figueira de Melo e terminou com vitória do São Christóvão por 5 a 3.

Contudo, outras fontes da época, como os jornais O Paiz e Jornal do Brasil, apresentam uma versão diferente. De acordo com essas publicações, o jogo foi realizado no Campo da Rua Guanabara — onde o Fluminense costumava mandar suas partidas — e o resultado foi uma vitória do Ypiranga por 5 a 3. Ainda segundo os jornais, o time paulista dominou a partida com tranquilidade, enquanto o São Cri-Cri atuou abaixo do esperado. Destaque para o goleiro L. Cardoso, que evitou um placar ainda mais elástico, e para o trio João Cantuária, H. Salema e J. Rollo, que se sobressaíram em campo.

Embora amistoso, o confronto teve grande valor simbólico: estava em disputa o prêmio "Moinho de Ouro", um troféu patrocinado pela diretoria do São Cristóvão em homenagem à Federação Brasileira de Sports. O evento contou com a presença de diversas autoridades esportivas da época, como o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, o presidente da Federação Brasileira de Sports, o vice-presidente da LMSA, além das diretorias de ambos os clubes.

O São Cristóvão tratou o clube visitante com grande hospitalidade. Além de oferecer um jantar de despedida no luxuoso Grande Hotel, promoveu passeios pela cidade do Rio de Janeiro e uma grande confraternização entre jogadores e dirigentes paulistas.

HISTORIADOR PAULO JORGE