UMA LENDA CHAMADA BELLOT
Nome: Josenildo Francisco da Silva Bellot
Data de nascimento: 8/1/1964
Local de nascimento: Goiana – PE
Data de falecimento: 23/3/2012
Local de falecimento: Rio de Janeiro – RJ
Posição: Ex-goleiro
Josenildo Bellot, mais conhecido apenas como Bellot, teve uma trajetória marcada pela dedicação ao futebol e por uma carreira vasta, passando por diversos clubes pelo país. Ao longo dos anos, defendeu equipes como Vila Nova, Goiás, Goiânia, Goiatuba, Anápolis, Atlético-GO, Novorizontino (o antigo), Santo André, Portuguesa, XV de Jaú, Náutico, Porto-PE, Santa Cruz, Juventus-SP, River-PI e União Rondonópolis-MT. No futebol carioca, vestiu as camisas de America, Portuguesa e São Cristóvão, onde construiu grande parte de sua identidade profissional.
Reconhecido como um goleiro de reflexos rápidos e técnica consistente, Bellot, entretanto, não alcançou maior destaque nacional principalmente por conta de sua estatura considerada baixa para a posição—um fator que, à época, pesava bastante nas avaliações de jogadores. Ainda na categoria mirim, protagonizou um fato curioso: acabou se tornando o primeiro goleiro a levar um gol de Romário, em partida do Estadual entre America e Olaria, realizada em 12 de novembro de 1979. O episódio se tornaria uma das histórias mais mencionadas ao relembrar o início da carreira de ambos.
Depois de atuar por tantos clubes, Bellot encerrou sua trajetória como jogador no São Cristóvão, onde também passou a trabalhar como funcionário do clube, desempenhando inúmeras funções. Foi treinador, auxiliar técnico, supervisor, gerente de futebol e até preparador de goleiros, mostrando enorme versatilidade e comprometimento. Mesmo aposentado oficialmente dos gramados, continuou sendo inscrito pelo clube no Boletim Informativo de Registro de Atletas (Bira) da FFERJ, caso surgisse a necessidade emergencial de um goleiro. Por isso, era comum vê-lo treinando, e chegou inclusive a atuar por alguns minutos em partidas oficiais em 2011, acumulando ao mesmo tempo cargos administrativos e técnicos.
A partir do ano 2000, quando voltou definitivamente ao Rio de Janeiro, Bellot iniciou um projeto social que se tornaria uma de suas marcas mais importantes fora de campo. Motivado pelo desejo de contribuir com sua comunidade, passou a desenvolver um trabalho junto à Associação de Moradores de Oswaldo Cruz, dando origem à Escolinha de Futebol Bellot, inaugurada em 26 de fevereiro de 2000. Localizada na rua Nascimento Gurgel, nº 392, a escolinha rapidamente se tornou um ponto de referência no bairro. Em seu período mais próspero, contou com 166 crianças inscritas, todas obrigadas a manter pelo menos 90% de frequência escolar para permanecer no projeto. A principal meta de Bellot era usar o esporte como ferramenta educativa, ocupando o tempo livre das crianças com atividades saudáveis, disciplina e formação social. Aqueles que demonstravam maior talento tinham a chance de ser encaminhados a clubes profissionais.
Entre 2000 e 2012, Bellot atingiu outro feito expressivo: tornou-se o jogador com mais partidas na história do São Cristóvão, acumulando 432 jogos com a camisa cadete—um número que demonstra sua longevidade, sua importância e sua forte ligação com o clube.
O falecimento de Bellot aconteceu justamente no lugar que ele mais amava: o clube onde dedicou grande parte de sua vida. Ele trabalhava diariamente no estádio da Figueira de Melo e, como era de seu hábito, chegava sempre muito cedo — antes mesmo das sete da manhã, horário em que já costumava estar em plena atividade.
Naquele dia, um antigo dirigente do São Cristóvão, Henrique Gaspar, então supervisor de futebol, entrou nas dependências do clube e encontrou Bellot caído no chão, desacordado. Imediatamente acionou o atendimento médico, mas, infelizmente, nada pôde ser feito.
Bellot ainda foi levado às pressas para o Hospital Souza Aguiar, no centro do Rio de Janeiro, porém já chegou sem vida. Seu sepultamento ocorreu no cemitério de Ricardo de Albuquerque, encerrando de maneira triste a trajetória de um profissional que dedicou corpo e alma ao futebol e ao São Cristóvão.
A trajetória de Bellot combina superação, amor ao futebol e compromisso com a formação de jovens atletas. Seu legado permanece vivo tanto nos clubes por onde passou quanto na comunidade que se beneficiou de seu trabalho social e esportivo.
SÃO CRISTÓVÃO x VASCO — ANO 2000
Escalação do São Cristóvão
Josenildo (Thiago); Isaías (Peterson), Alessandro (Índio), Eduardo (Dedé) e Fabrício;
Rodrigo Souto (Benê), Moisés (Alexandre), Dinho (Lúcio) e Fabinho (Careca);
Rodrigão (Baiano) e Bruno (Naldo).
Técnico: Gilson Paulino.
Os comandados do presidente Paulo de Almeida marcaram época naquele ano. Era um time bem organizado e competitivo, que por muito pouco não conseguiu a classificação. O clube vivia um momento de ressurgimento e reconstrução dentro e fora de campo.
A foto — cedida pelo lateral Fabrício — foi tirada na reinauguração da Figueira de Melo. Nela, aparece a antiga arquibancada, já demolida, que comportava cerca de 9 mil torcedores. O evento contou com um amistoso contra o forte Vasco do início dos anos 2000.
O primeiro tempo terminou em 0 a 0, com o São Cristóvão pressionando intensamente. O atacante Bruno teve duas grandes oportunidades de abrir o placar para os donos da casa.
Um detalhe curioso: quem entrou no lugar de Josenildo foi Thiago, hoje conhecido como Thiago Eller, atual preparador de goleiros do Flamengo. À época, ele era o reserva imediato da posição.
Além das boas campanhas no Brasileiro e no Carioca, aquele time protagonizou outra grande atuação no dia 23 de outubro, também na Figueira de Melo, vencendo a Seleção Brasileira Sub-20 por 4 a 0.
Escalação desse jogo:
Thiago Eller; Rafael (Eduardo), Alessandro (Índio), Marcelo (Carlos) e Fabrício;
Moisés, Rodrigo Souto, Leandro “Gaúcho” (Richard) e Alysson;
Dinho e Branco.
Homenagem da equipe de Comunicação e História a um dos grandes ídolos do clube.
