sexta-feira, 12 de setembro de 2025

DIA DE VISITAÇÃO

 

ROTEIRO DA SALA DE VISITAÇÃO DO SÃO CRISTÓVÃO  FUTEBOL E REGATAS!


 Criação do clube do Remo e Clube de Futebol.


A história começa em 1885, quando foi fundado o Clube de Regatas Cajuense – Prática do Remo.

Esse clube durou apenas 7 anos. Os jovens se dividiram em dois clubes: o Clube de Regatas Fluminense e, próximo à Igreja de São Cristóvão, em uma casa, fundaram o Grupo de Regatas Cajuense.

Entre os 14 fundadores estava Antônio Cordovil Maurity Júnior, filho de Antônio Cordovil Maurity, herói da Guerra do Paraguai, grande personalidade do Império e da República, e o homem responsável por o bairro de Cordovil ter esse nome.

Por que a cor rosa? É uma clara alusão à jovem Marie Françoise Thérèse Martin (1873-1897), freira carmelita francesa, beatificada e canonizada rapidamente após sua morte. Ela é reconhecida como uma das santas mais influentes para os católicos e autora da obra autobiográfica História de uma Alma, onde descreve sua “pequena via” de santidade através do amor e da confiança em Deus.

Em 1901, o clube mudou de endereço em definitivo para a Rua Quinta do Caju, nº 11.

Em 1902, mudou o nome para Club de Regatas São Christovam.


São Cristovão Athletico Club 



1909 – Onde hoje está o estádio, existia um campo de futebol em uma praça chamada Marechal Deodoro. Ali treinavam, às vezes, o América, o Mangueira e o Riachuelo. Nesse local, alguns jovens se reuniram e decidiram também fundar um clube de futebol. 

No dia 5 de julho, na Rua Bela de São João (atual Rua Bela), foi fundado o São Christóvão Athlético Club. Entre os 17 jovens fundadores estavam Carlos de Menezes Cantuária – o “Dócio” – e João de Menezes Cantuária, o lendário “Cantuária”, entre outros. 

O primeiro presidente do novo clube foi Arnaldo Teixeira da Silva. O time começou a atuar ainda em 1909.


O primeiro Campeonato do Clube 

Em 1911, a LMSA (Liga Metropolitana de Sports Athléticos) decidiu oferecer uma vaga na primeira divisão a novos times inscritos. Paissandu, Mangueira, São Cristóvão e Bangu participaram dessa seletiva. O time dos cadetes enfrentou o Bangu, empatando o primeiro jogo em 2 x 2 e vencendo o segundo por 2 x 0, mas acabou perdendo a vaga para o Paissandu, ao ser derrotado por 4 x 0

Campeonato Carioca da Segunda Divisão de 1911: o São Cristóvão terminou como vice-campeão, atrás do Bangu. A campanha foi de 8 jogos, com 5 vitórias, 2 empates e 1 derrota. No entanto, o ano não passou em branco: o clube conquistou o título carioca da Segunda Divisão de Segundos Quadros. João Cantuária jogava nesse time e chegou a atuar também em alguns jogos pela equipe principal. 

Em 1912, existiam duas ligas: uma comandada pela LMSA e outra pela AFRJ. O São Cristóvão estava na primeira, mas a estreia no Campeonato Carioca não foi boa: penúltima colocação, com 14 jogos – 2 vitórias, 1 empate e 11 derrotas. Essa campanha ruim, porém, tem uma explicação: o time sofreu com muitas lesões.

 1916- INAUGURAÇÃO DO ESTÁDIO


 
O clube apresentava um grande crescimento em pouco tempo, muito em razão da atuação dos militares nos quartéis em volta do clube, que precisavam de um local para manter o físico e praticar esportes.

Havia um terreno na Rua Figueira de Melo, nº 200, e o presidente Guilherme de Almeida Brito (1915/1916) fez um esforço monumental para comprá-lo em 1915, com o objetivo de ali construir a sua Praça de Esportes. O terreno ficava às margens do Rio Joana, e a ajuda financeira veio de uma pessoa de muitos recursos: Adolfo Freire, dono da torrefação Moinho de Ouro.

Uma família em particular abriu mão de muitas posses e desejos para ajudar na construção da sede: a família Vinhaes – sim, a mesma do jogador e técnico campeão carioca de 1926, Luís Vinhaes. Em 7 de setembro de 1915, houve uma festa de inauguração do campo, com provas de atletismo e um jogo contra o América (São Cristóvão 1 x 0 América). Porém, apenas o campo foi inaugurado nessa data.

Demoraria mais um ano para que a sede administrativa fosse construída. Em 1916, o complexo foi inaugurado por completo, com um grande jogo: São Cristóvão x Santos (SP), realizado em 23 de abril de 1916. Com a presença de 6 mil pessoas e o empate de 1x1.Ingresso cobrado : 2$ (2)réis.



O JOVEM CANTUÁRIA  



Um mineiro mudaria, de fato, o futebol cristovense e se tornaria uma lenda... João de Menezes Cantuária nasceu em São João del-Rei, no dia 28 de setembro de 1894. Seu avô era o Marechal João Tomás de Cantuária, combatente na Guerra do Paraguai. Ele e seu irmão, o “Dócio”, ajudaram a fundar o futebol do clube, mas antes atuaram pelo Riachuelo (1908), Mangueira e Palmeiras (1909).

Era um verdadeiro atleta: jogava em todas as posições, no primeiro e no segundo time. Onde o São Cristóvão precisasse, lá estava ele.

Cantuária faleceu em consequência da epidemia de gripe espanhola, no dia 25 de outubro de 1918. Foi velado no salão do clube – hoje a sala de troféus – em 26/10. Diversos clubes prestaram homenagens, principalmente o Palmeiras e o Fluminense, enviando coroas de flores. Nesse mesmo ano, foi campeão do Torneio Início (1918).

Seu último jogo aconteceu em 06/10, no empate São Cristóvão 1 x 1 Bangu. Mesmo febril e já contaminado, ele entrou em campo para defender as cores do clube.


O CAMPEÃO DE 1926


O maior título do clube, o inesquecível campeonato carioca de 1926. O clube pertence a prateleira de 8 clubes campeões estaduais.  Uma campanha de 14 vitórias, 2 empates e 2 derrotas. Marcou 70 gols e tomou 37. 

Derrotas: Fluminense 6x2 São Cristóvão e São Cristóvão 2x3 Vasco.

O troféu que está em exposição na nossa sala não foi dado pelo AMEA, mas sim por uma casa de Comérico , intitulada "CASA SÃO CRISTÓVÃO", que foi dedicada ao clube. 

Presidente : Amadeu Macedo 

Titulares : 

PAULINO 

PÓVOA E ZÉ LUIZ 

JULINHO , HENRIQUE E ALBERTO 

OSWALDO "MANOBRA", JABURU, VICENTE, ARTHUR "BAHIANINHO E TEÓPHILO. 

Outros: VINHAES, DOCA, MENDONÇA, MARTINS .

Técnico : Luiz Vinhaes 

JOGADORES DE COPA DO MUNDO . 

Primeiro jogador do São Cristóvão convocado para a Seleção Brasileira:
Foi Álvaro Martins.

Seu primeiro jogo com a camisa da Seleção foi na Taça Roberto Chery, em homenagem ao goleiro uruguaio Roberto Chery, falecido durante o Sul-Americano de 1919. O amistoso foi contra a Argentina e terminou em 3 x 3.

 Álvaro defendeu o São Cristóvão entre 1917 e 1922, retornando em 1926, quando integrou o elenco campeão carioca.

Participação oficial pela Seleção:
Disputou o Sul-Americano de 1922, com os seguintes resultados:

  • Brasil 1 x 0 Chile

  • Brasil 0 x 6 Uruguai

  • Brasil 0 x 2 Argentina

Após esse torneio, nunca mais foi convocado.

Cinco jogadores foram a Copa do Mundo vestindo a camisa do São Cristóvão : 1930 e 1938. 

Em 1930 foram convocados Doca , Zé Luiz e o artilheiro Teóphilo . Em 1938, Roberto e Afonsinho .

Zé Luiz - Bolívia ( 1930): Pela Seleção - 1 jogo , 1 vitória

Doca- Não entrou (1930): Pela Seleção - 3 jogos , 3 vitórias 

Teophilo- Iugoslávia (1930): Pela Seleção - 5 jogos, 4 vitórias e 1 derrota

Roberto - Tchacoslováquia e Suécia (1938): Pela Seleção- 8 Jogos, 6 vitórias e duas derrotas 

Afonsinho - Polônia, Tchecoslováquia, Itália e Suécia.(1938):  Pela Seleção - 18 jogos, 9 vitórias, 3 empates e 6 derrotas . 

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Hino do São Cristóvão - Silvio Caldas

Silvio Caldas e o hino do São Cristóvão 


Hino do São Cristovão
Lamartine Babo

São Cristóvão, São Cristóvão
Teu passado é tão belo
Quantas vitórias em Figueira de Melo.

Quando vences outro clube
Oh! São Cristóvão pertences
Aos corações sãocristovenses.

Estimulam tua fibra extraordinária
Os grandes feitos do saudoso Cantuária.

Avante São Cristóvão
Por teu bem, por nosso bem 
Pela grandeza dos esportes
Que esta terra tem.

És de um bairro cuja história
Tem valor profundo
Bairro ditoso de D. Pedro II.

Quando vais à Zona Sul
Jogar com um clube bem forte
Tens a torcida da Zona Norte.

São Cristóvão, São Cristóvão
Teu passado é tão cheio
Aos teus rivais inspiras sempre receio

O Hino do São Cristóvão, de autoria de Lamartine Babo, constitui-se em uma verdadeira evocação das tradições e conquistas do São Cristóvão de Futebol e Regatas, uma das agremiações mais antigas e representativas da cidade do Rio de Janeiro. A composição enaltece os feitos memoráveis do passado do clube, vinculando-os à relevância histórica do bairro de São Cristóvão, local que desempenhou papel fundamental no desenvolvimento cultural e esportivo da capital fluminense.

A referência à Figueira de Melo remete ao histórico estádio em que o clube viveu jornadas de grande glória, tornando-se palco de momentos decisivos na trajetória do time. O hino também ressalta o vínculo profundo entre a instituição e sua torcida, os tradicionais sãocristovenses, cuja paixão e devoção perpetuam a identidade do clube ao longo das décadas. A menção ao saudoso Cantuária constitui uma homenagem às figuras que contribuíram para a consolidação e a força moral do São Cristóvão, símbolos da fibra e do espírito que moldaram sua história.

Outro aspecto marcante do hino é a afirmação do prestígio e do respeito que o São Cristóvão soube impor aos seus adversários, em especial nas disputas realizadas além de seus domínios habituais, na Zona Sul carioca. A fidelidade da torcida da Zona Norte, sempre numerosa e vibrante, consolidou-se como um alicerce indispensável para a grandeza do clube, revelando a importância da união comunitária no fortalecimento do esporte.

Assim, o hino não se limita a exaltar vitórias passadas, mas se apresenta como um testemunho da tradição e, simultaneamente, como um chamado à continuidade da luta, à coesão e à dedicação em prol do São Cristóvão e da preservação de sua herança esportiva e cultural.

Mas onde entra Silvio Caldas nessa história? 


Os mais novos não conhecem quem foi esse grande artistas. Um dos maiores cantores que o Brasil já teve a honra de escutar. Cantor e compositor, falar de Silvio Caldas é resgatar não apenas a história musical brasileira, mas é resgatar a história do rádio e mostrar ao mundo a voz que canta o hino do nosso "São CriCri".

Silvio Caldas, nascido em 23 de maio de 1908, no tradicional bairro de São Cristóvão, Rio de Janeiro, tornou-se uma das vozes mais emblemáticas da música popular brasileira. Filho de um afinador e mecânico de pianos, também compositor, e de uma mãe cantora amadora, cresceu em um ambiente em que a música se apresentava como linguagem cotidiana e natural.

Desde a infância revelou talento precoce. Aos cinco anos de idade, subiu ao palco do Teatro Fênix, onde interpretou um tema brejeiro em sua primeira apresentação pública. Nessa mesma época, animava as ruas com o Bloco Família Ideal, no qual, levado nos ombros de um tio, chamava a atenção do público, recebendo o apelido carinhoso de “O Rouxinol da Família Ideal”.

Aos 16 anos, concluiu a formação como mecânico e seguiu para São Paulo, onde trabalhou com automóveis. Contudo, o destino logo o reconduziria à música. Em 1927, retornou ao Rio de Janeiro e deu início à trajetória artística na Rádio Mayrink Veiga, espaço fundamental para a difusão da música popular da época.

O ano de 1930 marcou um passo decisivo em sua carreira: gravou, em dueto com Breno Ferreira, o tema “Tracuá Me Ferrô”, e participou do teatro de revista “Brasil do Amor”, espetáculo de Marques Porto e Ary Barroso. Foi justamente de Barroso que recebeu a canção “Faceira”, que se transformaria em seu primeiro grande êxito, projetando-o nacionalmente e consolidando o início de uma trajetória brilhante.

Em 1950, a gravadora Continental lançou uma coletânea especial dedicada ao futebol brasileiro, composta por seis discos reunindo os hinos e marchas de clubes tradicionais do Rio de Janeiro. Todas as composições pertenciam a Lamartine Babo, o grande cronista musical dos costumes cariocas e autor de uma das mais notáveis obras de exaltação esportiva na música popular.




Entre os registros, destacou-se o disco de número 16.245, que trazia as marchas do São Cristóvão e do Vasco da Gama, interpretadas por Sílvio Caldas, já consagrado na época como um dos principais cantores do país. O artista recebeu o apelido carinhoso de “Caboclinho Querido”, e sua voz emprestou ainda mais vigor e lirismo às canções que celebravam a paixão clubística e a identidade dos torcedores.

Esse lançamento não apenas contribuiu para a preservação da memória musical dos clubes cariocas, mas também consolidou o elo entre o futebol e a música popular brasileira, duas manifestações culturais que marcaram profundamente a vida social do Rio de Janeiro no século XX.


HISTORIADOR PAULO JORGE 

HOMENAGEM A NOSSOS ÍDOLOS.

ONTEM, HOJE E AMANHÃ- UM ÍDOLO ATUAL.  Um clube de futebol é feito de ídolos do passado, do presente e daqueles que ainda irão surgir. Não i...